terça-feira, janeiro 25, 2005

Já ninguem sabe o que é o sexo

Bem, considero-me uma pessoa vivida apesar dos meus poucos anos de vida, sou uma pessoa que se mantém actualizada com o que se passa na minha cidade em geral e no mundo em particular. Vejo muito a televisão e saio muito com todo o tipo de pessoas, e cada vez mais me perturba o facto de ninguém que conheça (e conheço bastante gente) tenha bem presente o conceito de sexo.
O sexo hoje em dia tornou-se simplesmente uma fonte de piadas porcas – “ah coiso faço o sexo nisto, ah e tal faço o sexo naquilo” – e ninguém quer perceber muito bem o que está a dizer. Pronto acham graça. Prós meninos é só fuder e rir, isso é o que eles gostam. Mas qual é a verdadeira dificuldade em perceber qual é verdadeiro intuito do sexo? Não é óbvio? Será que ao proferir as palavras “eu fodi a minha namorada” não estarão outros conceitos mais importantes implícitos a essa afirmação?
O sexo, meus amigos, não se faz sem amor, é um facto inegável em qualquer parte do mundo ou em qualquer discoteca, Kleopatra inclusive. Nem numa amigável visita ao pinhal de Coina ou à Teia nos conseguimos abstrair do que eu chamo uma verdadeira aura de amor e confraternidade. As meretrizes não vendem sexo, vendem amor; as bailarinas na Teia (que é um digno espaço comercial de amor) não estão a fazer mais nada do um ritual com reminiscências às danças de celebração do amor das mais antigas tribos selvagens. Mas depois insultam essas pobres mulheres – “ah e tal são putas e chupam…” – isto, meus amigos, são vozes de gente ignorante, mal sabem eles que muitas das suas mães já passaram por estas profissões para chegarem onde estão (a minha sei que não porque sei que ela estudou).
Tudo isto leva-me a concluir que o sexo não é mais do que uma instrumentalização do amor, é isso que o sexo é, um prático instrumento do amor. Como podemos nós espetar uma granda foda na namorada sem uma grande dose de amor? E como damos essa dose de amor? Através do sexo.
É um conceito simples, não custa nada dizer – “oh Maria quero dar-te o meu amor, vamos lá fazer o sexo.” – em vez de nos rebaixarmos às mais ordinárias profanações da língua portuguesa.
É por isso também que não confiou nos bancos de esperma. Cada vez que penso nessa questão, jogo as mãos à cabeça e rogo a Deus para que abra os olhos às mulheres. Como uma mulher querer levar um filho para casa feito numa proveta em vez de ser feito pelo amor e os instrumentos implícitos a esse processo? Algum de vocês compra marmelada no supermercado e não leva a embalagem para casa levando a marmelada nas mãos? Obvio que não. Logo estas mulheres têm de levar com o amor nestas instituições a fim de terem a dita fertilização do óvulo, e não pelo conteúdo de um copo ordinário e frio. Ah sim, porque para mim que sou o dador não me rende nada, porque para ir deitar esperma num copo friamente em casa alheia, mais vale atirado para a parede da casa de banho no conforto do seu lar. O serviço nos baços de esperma devia ser em comunicação directa com a cliente – “queres um filho? Toma lá amor” – quando assim for eu serei um dos primeiros da fila a prestar tão bondoso serviço. Bem-haja.